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O texto teatral e o desenvolvimento da fluência leitora

  • Natalia Ribeiro
  • 15 de jul.
  • 4 min de leitura

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Os textos teatrais são excelentes aliados no processo de ensino da leitura, especialmente no Ensino Fundamental, quando os alunos estão consolidando a alfabetização e ampliando sua autonomia leitora. Esse gênero textual oferece um formato claro e envolvente: a divisão em falas de personagens e a presença de rubricas (indicações de cena, movimento e entonação) tornam a leitura mais dinâmica e facilitam a compreensão de quem fala e de como deve falar.

Ao representar papéis em pequenas encenações, os estudantes são incentivados a ler em voz alta com entonação, ritmo e expressividade, aspectos fundamentais da fluência leitora. O fato de haver diferentes personagens estimula a leitura compartilhada, possibilitando que cada aluno assuma uma voz e pratique a oralidade de maneira contextualizada.

Além disso, a leitura dramatizada desperta motivação, pois transforma o ato de ler em uma experiência lúdica e interativa. Os alunos não apenas decodificam as palavras, mas também compreendem intenções, emoções e sentidos do texto, desenvolvendo, ao mesmo tempo, compreensão leitora, oralidade e interação social.

Portanto, ao trabalhar com textos teatrais, o professor promove um espaço em que os alunos podem experimentar a leitura com mais naturalidade, confiança e prazer, aproximando-se cada vez mais da fluência necessária para o avanço em todas as áreas do conhecimento.

A seguir, você encontra algumas fábulas adaptadas para serem encenadas.



A cegonha e a raposa

[Luzes acesas. O palco está dividido em dois ambientes simples: à esquerda, a casa da Raposa, com uma mesa baixa e pratos rasos sobre ela; à direita, a casa da Cegonha, com uma mesa e jarros altos e estreitos.]

Narrador: (entra devagar, olhando para o público)

Era uma vez uma Raposa e uma Cegonha que eram amigas. Um dia, a Raposa teve uma ideia.

[Raposa entra em cena animada, arrumando a mesa com pratos rasos.]

Raposa: (com ar travesso, esfregando as mãos)

Hoje vou convidar a Cegonha para um almoço especial! Preparei uma deliciosa sopa… mas, ah, vai ser divertido!

[Cegonha entra devagar, cumprimenta a Raposa com o bico erguido.]

Cegonha:

Obrigada pelo convite, amiga! Que cheirinho bom!

Raposa: (faz um gesto elegante com a pata)

Sente-se à mesa, querida. Sirva-se à vontade!

[Cegonha se inclina sobre o prato raso, tenta beber a sopa com o bico comprido, faz gestos de dificuldade, bate o bico no prato e se mostra triste.]

Cegonha: (desapontada, olhando para o público)

Oh, não consigo beber nada… meu bico não alcança a sopa!

Narrador:

E assim, a Cegonha voltou para casa com fome e chateada.

[Mudança de luz para a casa da Cegonha. Ela arruma a mesa com jarros longos e estreitos.]

Cegonha: (sorri com malícia)

Agora é a minha vez de preparar um banquete para a Raposa. Vou usar estes jarros bem estreitos!

[Raposa entra, farejando o ar, lambendo os lábios.]

Raposa:

Que delícia! Estou faminta!

Cegonha: (aponta para os jarros)

Sente-se, amiga. Sirva-se!

[Raposa tenta enfiar o focinho no jarro, faz força, mas não consegue. Olha para o público com expressão de frustração.]

Raposa:

Ai, que fome! Não consigo comer nada!

Cegonha: (ergue o bico e bebe tranquilamente)

Hum… está delicioso!

Narrador: (entra ao centro)

E assim, a Raposa percebeu como é ruim armar truques para os outros.

Quem engana pode acabar sendo enganado também!

[As duas personagens ficam no centro do palco. Raposa olha envergonhada, enquanto a Cegonha cruza os braços. Luzes diminuem.]

Fim.



As Árvores e o Machado

[Palco com um cenário de floresta. Ao fundo, árvores altas. No canto, um Machado sem cabo.]

Narrador:

No canto de um celeiro, havia um machado abandonado, sem cabo. As árvores o viram e ficaram com pena.

[Árvore 1 olha para o Machado com expressão de compaixão.]

Árvore 1:

Pobre Machado… está tão triste e sem utilidade!

Árvore 2:

Vamos ajudá-lo! Daremos a madeira necessária para fazer-lhe um cabo.

[As árvores entregam galhos. O Machado se levanta ereto, agora completo.]

Machado: (erguendo-se satisfeito)

Ah, finalmente tenho forças outra vez!

[Lenhador entra e segura o Machado. Começa a golpear as árvores.]

Lenhador: (com vigor)

Agora posso trabalhar!

[Árvore 1 cai no chão, ferida. Árvore 2 grita assustada.]

Árvore 2: (ofegante)

Tudo culpa nossa! Não devíamos ter presenteado a ferramenta…

Narrador:

E assim as árvores aprenderam que, às vezes, ajudar sem refletir pode trazer grandes perigos.

[Luzes se apagam.]


O Galo e a Pérola

[Cenário de quintal simples, com pedras e grãos espalhados. O Galo entra ciscando animado.]

Narrador:

Um Galo ciscava pelo quintal em busca de alimento.

[O Galo raspa o chão com as patas, encontra algo e se assusta.]

Galo: (curioso)

Ora, o que é isto? Uma pérola?

[Ele a ergue com o bico e observa atentamente.]

Galo: (balança a cabeça)

Se fosse uma semente ou uma minhoca bem gordinha… eu já teria meu almoço!

Mas de que me serve uma pérola?

[Ele joga a pérola para o lado e volta a ciscar o chão.]

Narrador:

E o Galo continuou sua busca, lembrando que cada tesouro só tem valor quando atende à necessidade de quem o encontra.

[Luzes diminuem.]


O Carvalho e o Caniço

[Palco com dois elementos: um Carvalho robusto ao centro e um Caniço frágil à esquerda. O vento é representado por som ou tecidos azuis em movimento.]

Narrador:

Um vistoso Carvalho, orgulhoso de sua força, conversava com o frágil Caniço.

Carvalho: (erguendo os galhos)

Meu amigo, não se curve diante do vento. É preciso resistir firme, como eu!

Caniço: (balançando levemente)

Você é robusto e forte… eu sou pequeno e só posso me dobrar.

[Entra o som forte do vento, crescendo até se transformar em furacão. O palco escurece.]

Vento/Furacão: (com voz grave e eco)

Chegou a hora da prova!

[O Carvalho tenta permanecer firme, mas acaba caindo com estrondo.]

Narrador:

O furacão arrancou o Carvalho com raízes e tudo.

[O Caniço balança, mas se mantém em pé.]

Caniço: (com calma)

Eu me dobro, mas não quebro. E assim resisto.

Narrador:

E ficou provado que a flexibilidade pode ser mais forte do que a rigidez.

[Luzes se apagam lentamente.]

 
 
 

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