INTERTEXTUALIDADE: uma ponte para a compreensão leitora

A intertextualidade é um recurso linguístico e discursivo presente em grande parte dos textos que circulam socialmente, especialmente nos gêneros mais lúdicos, criativos ou opinativos. Quando o autor faz referência a outro texto — de forma explícita ou implícita — ele estabelece uma rede de sentidos que se amplia à medida que o leitor reconhece essas conexões. Trabalhar esse aspecto em sala de aula é essencial para o desenvolvimento da compreensão leitora crítica, pois ajuda o aluno a perceber que nenhum texto se constrói isoladamente.

Ao explorar a intertextualidade, oferecemos aos alunos oportunidades de mobilizar conhecimentos prévios, ampliar seu repertório cultural e compreender melhor os sentidos produzidos pelos textos. A familiaridade com histórias, personagens, músicas, provérbios ou memes, por exemplo, permite que eles identifiquem as referências utilizadas e compreendam com mais profundidade as intenções do autor, as inferências e os efeitos de humor, ironia ou crítica social.

Por isso, incluir textos muito conhecidos nas propostas didáticas — como contos clássicos, fábulas, parlendas, canções populares ou histórias em quadrinhos — é uma excelente estratégia para introduzir ou aprofundar o trabalho com intertextualidade. Essas referências despertam o interesse dos alunos, facilitam o reconhecimento dos elementos intertextuais e tornam o processo de leitura mais significativo e prazeroso.

Além disso, a intertextualidade pode ser uma poderosa aliada na formação do leitor autoral. Ao identificar como os textos se relacionam, os alunos também passam a experimentar, em suas próprias produções escritas, formas de recriar, parodiar ou dialogar com obras conhecidas, desenvolvendo criatividade, consciência linguística e autoria.

Portanto, ao planejar atividades de leitura e escrita, considere a possibilidade de apresentar textos que dialoguem com outros, trazendo elementos reconhecíveis para os alunos. Esse trabalho, além de contribuir para a compreensão leitora, também reforça a ideia de que a leitura é uma atividade ativa e interativa, em que o leitor traz sua bagagem para construir sentidos junto com o texto. A seguir, você pode ver alguns exemplos de bilhetes que citam outro gênero textual: contos de fadas. Mamãe,

A vovó me contou que a Lúcia e a Ana ficaram a manhã toda em casa. Elas lavaram a louça do café, varreram o quarto, arrumaram as camas, varreram o quarto (de novo!), colocaram comida pro Totó e ainda varreram o tapete da sala. Pareciam a Cinderela antes do baile!

Diante de tantos serviços prestados à humanidade (ou pelo menos à casa), elas acham justo receber uma singela recompensa: aquela toalha de praia com desenhos de folhas e aquela sandália rosa com brilhos que viram na vitrine. Nada mais justo, né?

Assinado,

Um observador imparcial que apoia a causa. _________________________________________________________________________________ Querida filha,

Hoje a Clara passou a tarde comigo e parecia uma mistura de Chapeuzinho Vermelho com Fada Madrinha. Primeiro, trouxe flores do jardim para enfeitar a mesa, depois inventou uma poção mágica de suco de laranja com hortelã e, por fim, transformou a sala num reino encantado cheio de risadas.

Diante de tanta doçura e encanto, acho que ela merece receber aquela coroa de brinquedo brilhante que viu na loja de brinquedos. Afinal, fadas também gostam de presentes!

Com carinho,

A vovó encantada pela magia da netinha. _________________________________________________________________________________ Mamãe,

Hoje o Pedro resolveu ser “o valente cavaleiro” da casa. Ele carregou três sacos de compras como se fossem espadas pesadíssimas, ajudou a arrumar a garagem (ou pelo menos fingiu que derrotava dragões enquanto varria as teias de aranha) e ainda me emprestou o controle da TV sem reclamar. Foi quase como ver o príncipe encantado saindo do livro de histórias!

Agora, como toda princesa sabe recompensar um herói, ele acha justo ganhar um pedaço extra do bolo de chocolate. E, sinceramente, eu concordo.

Assinado,

Sua filha que testemunhou essa façanha digna de castelo.